segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O que te acalma?

Estou fazendo terapia há pouco mais de um ano. Acho que faz muito bem para a mente e para o coração. É uma coisa que sempre tive vontade de fazer para resolver algumas angústias que eu tenho, e depois de muito tempo finalmente tive essa oportunidade. Conheci então a psicologia sistêmica, uma linha da ciência que lida com o todo, com as nossas relações com o mundo e conosco. Cheguei para a terapia levando algumas questões, aprendi a lidar com elas e com várias outras que foram surgindo ao longo do caminho e continuo, num processo longo, lento e engrandecedor.

Um dos meus maiores defeitos é a minha ansiedade. Ela tira meu sono, me atrapalha, me distrai, faz com que eu me bagunce e algumas vezes até me prejudique. Às pressas de fazer as coisas, acabo por deixá-las inacabadas ou incompletas. Quebro algo, esqueço das coisas, faço estabanagens, me machuco... É uma tragédia! Enfim, tem jeito para se resolver isso?

Uma forma de melhorar é fazer autoterapia. Refletir, refletir, e se possível, registrar para não esquecer e sempre reforçar. Escolher um dia na semana e um horário específico para parar, pensar e escrever. Escrever quais são os problemas, o que os causa, como sabemos que eles estão acontecendo e como lidar na hora em que acontecem ou mesmo antes, quando já percebemos que temos um dia ou um momento mais agitado, antes que as coisas cheguem à erupção de nossos pensamentos desesperadores.

Fiz uma lista de algumas coisas que me acalmam. Na nossa rotina, é tudo tão corrido, é tanta coisa pra lembrar, pensar, fazer, que as vezes a gente esquece do que é mais simples e importante. Prazeres diários. Tudo o que nos proporciona prazer, bem estar e paz. O dia a dia já é muito estressante, se não tivermos nossas rotas de fuga para refugiarmos o nosso coração, ele não aguenta.

Depois desse tempinho de terapia, aprendi algumas coisas sobre mim. Algumas coisas que eu realmente gosto de fazer, algumas que quero fazer rotina, outras que não podem faltar no meu repertório semanal, mensal, de vez em quando, num dia de chuva, de sol, no momento de solidão, de solitude, e também, em boas companhias.



1 - Respirar. 
Uma coisa tão simples, não é? Pois é, mas chega a ser tão trivial que eu não estava nem conseguindo fazer direito de tão ansiosa. Estava perdendo meu ar. O peito ardia, o coração acelerava e é como se o ar não entrasse direito. Isso acontecia diversas vezes, quando pensava demais, me chateava, me emocionava. Aprendi algumas técnicas de respiração, aprendi a me acalmar, e aprendi que respirar me acalma. Quando a ansiedade bate à porta, pare, respire, respire, respire, respire. O coração vai acalmar. Depois disso, pense. Fica mais fácil pensar. Essa foi a técnica que eu aprendi, mas ao invés de fazer a contagem de 3 segundos, você escolhe qual a melhor para você. 3 segundos as vezes pode ser muito. Quando estamos deitados para dormir, antes de pegarmos no sono, respiramos bem devagar, e é uma respiração tão calma, tão tranquila, que relaxamos completamente e apagamos. Essa é a respiração perfeita para acalmar o coração, vale a pena prestar atenção nesse momento do nosso dia e ver a quantidade de segundos necessários para inspirar, segurar e expirar. O resultado é incrível! Nunca mais fiquei sem ar.

2 - Musicar.
A música é a paz que meu corpo encontra vibrando junto às frequências captadas pelo meu ouvido. Músicas bonitas, melodiosas, músicas que tocam lá no fundo da alma. Para tal, gosto de criar todo um ambiente de relaxamento: pouca luz, velas, incensos e ela. A música. Sou capaz de passar horas em estado de meditação, em uma posição bem confortável, olhos fechados, divagando nas letras e nas notas musicais. Daí me acalmo. Com a música, também faço as próximas duas coisas a seguir.


3 - Dançar.
A dança para mim tem um significado muito especial, muito bonito e muito profundo. Inseparável da música, a dança é a língua da minha alma. Embalada por sons nostálgicos, automaticamente as mãos e os braços ondulam pelo ar, formando círculos e curvas delicadas. Danço sem passo, deixo os movimentos fluírem com as notas e os instrumentos, me entrego a um estado de paz e meditação e me sinto cheia de energia e amor.

4 - Cantar.
Sem querer, a música me transporta, e logo começo a cantar. Faço de meu canto uma atração única e imperdível, onde sou platéia de mim e me dou o prazer de me expor e também me ouvir.

5 - Cozinhar.
Na cozinha encontrei mais uma paixão. Adoro comer coisas bonitas e gostosas, e mais do que isso, adoro criá-las. Juntar ingredientes, fazer combinações e ter resultados incríveis. A maior satisfação de alguém que cozinha é a alegria que uma comidinha bem preparada traz para quem a degusta. Não nego que mesmo nesse momento, a música também se faz presente, agregando bem estar e um pouquinho de amor em cada feito. Não é a toa que nasceu o Luiza Prendada!


6 - Exercitar!
Malhar é uma das coisas que fazem parte da minha rotina. Não porque é necessário, não porque tenho objetivos e almejo determinados resultados - também é importante, mas não é a minha prioridade. O importante é o prazer que malhar me proporciona. No começo não gostava de musculação, mas no dia a dia aprendi a ter carinho porque é um momento onde estou só comigo mesma e fazendo algo para cuidar de mim. Malhar é um prazer, e mais do que malhar, pedalar e correr. Quando os pensamentos não cabem em mim, correr é a melhor opção. Correr é uma forma de extravasar a raiva, a angústia, a ansiedade. Correr é uma forma de gastar a energia que meus pensamentos excessivos roubam. É trabalhoso, mas é gostoso e prazeroso. E no final, só restam hormônios da felicidade e bem estar para o corpo. É maravilhoso!


7 - Conversar.
Conversar é uma coisa que tenho feito pouco, mesmo com a tecnologia de temos, o dia a dia mal nos dá tempo para resolver as nossas coisas, e os diálogos das redes sociais e dos encontros casuais são sempre muito supérfluos e rápidos. Conversar me acalma. Jogar conversa fora, falar de coisas sérias, de bobagens, falar por horas! Isso já é exceção, mas é algo que preciso fazer de vez em quando. Conversar, pessoalmente ou não, mas de preferência ao vivo e a cores. Já não se tem muito tempo para se escrever cartas. Nem mesmo aqueles longos e-mails. Estar juntos é sempre uma boa oportunidade de se matar saudades. Sinto muita saudade de muitos amigos e muitas pessoas preciosas...

8 - Ler.
A leitura é um outro universo paralelo de bem estar. É uma forma de nos transportarmos a outros mundos, outras histórias, outras ideias. Gosto de ler coisas bonitas, gosto de descrições que levam a minha imaginação junto. Aqui recomendo um clássico que faz bem para o coração: O Jardim Secreto, de Frances Hodgson Burnett. É um livro infantil com belezas inimagináveis e mensagens preciosas.

9 - Estudar.
Aprender é uma outra forma de exercitar, só que o cérebro e a mente. Nunca é bom ficar parado, devemos sempre estar em movimento e nutrir nossas faculdades mentais com conhecimento e sabedoria. Fazer cursos, formações continuadas, aprender línguas, danças, técnicas, artesanato, qualquer coisa que tenha um resultado positivo em nossas vidas, ou mesmo negativo, contanto que seja um aprendizado.

10 - Amar.
Amar é uma das coisas que mais acalma o coração. Amar é expor nossos sentimentos gostosos. É quando eu acordo de manhã cedo e faço carinho nos gatinhos carentes, quando passo o maior tempo com uma pequena ronronenta no colo, é quando faço um carinho de bom dia em quem gosto, quando dou um abraço bem gostoso no papai, na mamãe, quando digo que estou com saudades, quando digo "Eu te Amo". O amor não pode faltar nunca, em nenhum dia sequer.

Esses são alguns prazeres da vida que eu tenho. Algumas coisas que me alegram, me acalmam e me enaltecem como pessoa. Com certeza você também tem os seus prazeres. Reflita também, liste-os, descubra-os, pratique-os, sempre. O que te acalma?

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