segunda-feira, 11 de abril de 2016

Adotar é tudo de bom!

Esses dias saí no Correio Braziliense de novo, e gostaria de dividir com vocês o assunto, não o que foi divulgado, mas o meu real depoimento. Falo da real diferença que os bichinhos fazem nas nossas vidas, seja para alegrar mais ainda uma casa, ou para ajudar com casos de depressão, solidão e até transtornos como do espectro autista ou bipolaridade.
Um animalzinho pode mudar tanto a vida de uma pessoa que não se tem ideia do quanto! Seja cachorro ou gato, todos sentem amor, saudades e gratidão.


Sempre gostei de bichinhos. Já tive cachorro, peixe, hamster e até um mini caranguejo, mas era muito criança e não entendia o significado que um animalzinho tem na nossa vida. Depois de adulta, passei por muitos problemas relacionados à crises depressivas e ansiosas. Ânsias de pisciano, ânsias de mim. Hoje faço acompanhamento psicoterápico, mas posso dizer que o melhor e mais "caseiro" remédio utilizado, com doses infinitas de carinho e amor, é a companhia dos meus dois gatinhos.
Há cerca de dois anos, eu ansiava por sair de casa. Sonho de anos, esperei pela hora certa para morar sozinha: um trabalho que me fornecesse a estabilidade financeira e as condições necessárias. Nessa mesma época de "preparação", em um lindo sábado resolvi passear por uma feira de adoção. De vez em quando gostava da terapia de ver animais bonitinhos e fofinhos, mesmo que não fosse os levar para casa. Como já disse aqui em outros momentos, já resgatei gatinhos, me envolvi com algumas causas, e sempre que possível ajudo. Na feirinha, notei uma senhorinha com uma caixa de papelão cheia de filhotinhos felinos. Branquinhos e gordinhos, eles eram a atração de todos. No cantinho da caixa, notei uma "bolinha de pêlos" alaranjada, encolhidinha, e fiquei curiosa em conhecê-la. Foi amor a primeira vista: um gatinho ruivo, magro, doentinho, sem abrir um olho, com feridas no corpo. Eu simplesmente precisava tirá-lo dali, e dar-lhe uma oportunidade de ser feliz. Briguei com meu pai para adotá-lo, mas no fim, meu pequeno acabou conquistando a todos. Foi assim que o Tito chegou na minha vida. 


Tito antes :(
Tito depois! :)
Em seguida, eu saí de casa e fui morar sozinha. Junto com isso, uma série de ansiedades e questões relacionadas a minha vida vieram a tona. Eu precisava amadurecer e aprender uma série de coisas, mas ao mesmo tempo que queria, não estava totalmente preparada para lidar com elas, principalmente a solidão. Apesar da companhia do meu namorado, a minha insegurança era maior, gerando brigas em excesso, pensamentos negativos, crises de choro, autoagressões emocionais. Aos poucos, fui perdendo a vontade de sair de casa, de ver os amigos, de cuidar da minha aparência. Tentava desafogar as angústias na academia, mas não era suficiente, pois eu não estava procurando outras pessoas e outras formas de me sentir melhor, nem mesmo conseguindo colocar meus projetos de vida em prática. A primeira providência foi procurar a psicoterapia, que me ajudou muito e ainda me ajuda a tratar a minha ansiedade. Gente, terapia é tuuuuuuuudo de bom! No início do meu tratamento, comecei a cuidar mais da casa, de mim e do meu Tito, que me acompanhou em todas essas fases, sempre.
 

As vezes a tristeza me tirava a vontade de tudo, mesmo levantar da cama. Ter um bichinho é uma forma de te obrigar a fazer alguma coisa, pois ele precisa ter as necessidades supridas e isso é um estímulo ao ócio da depressão. Tito sempre foi um companheiro fiel e amoroso, e por ser um gato simpático e sociável, achei que buscar por uma companhia felina o faria muito bem.

 

Nem imaginava que o bem maior seria a mim mesma. Decidi adotar novamente quando sentisse que era o momento certo. Acompanhava casos de gatos resgatados, mal tratados, de todos os tipos. Um dia, em uma página de adoção de animais, vi a foto acima: uma gatinha estilo "Frajola", com menos de dois meses, carinha de Batman, resgatada com as irmãs num dia de chuva, procurando por um lar. Meu coração bateu mais forte: fui atrás da cuidadora, mas a gatinha já tinha sido adotada. Por um milagre, o adotante desistiu e ela veio para a minha vida: pequena, meiga e muito carinhosa.

 

A Lily veio no momento em que eu mais precisava. Ao contrário do Tito, que é um companheiro amoroso, porém inquieto em relação a colo, ela é carente e carinhosa, o tempo todo pedindo colo, atenção e tomando a liberdade de me fazer carinho (o famoso "amassar pãozinho" que os gatos fazem). Ela me conquistou, e quebrou o gelo e o muro de solidão que construí a minha volta. Como uma filhinha pequena, o tempo todo necessitada de atenção e amor, a Lily trouxe alegria para a casa e para a minha vida. Ela e o Tito são os filhos que não cresceram na barriga, mas no coração. Filhos sim, pois foram criados desde bebês, fazendo parte da minha vida e dividindo momentos de alegria, tristeza, saúde e doença. Eles sabem quando estou feliz e sabem quando não estou bem, pois ficam mais próximos e atentos. Sou muito grata a eles, que equilibram o meu bem estar e compartilham uma infinidade de coisas boas do meu dia a dia.
Não podemos mudar o mundo, mas podemos mudar o mundo de um animalzinho. Tirá-lo das ruas, dar todo o amor que ele merece e que nós temos dentro de nós e nem nos damos conta.
Adotar, um ato de amor. Um ato de humanidade, de caridade e bondade. Minha amiga Paula Leon  (instagram @adotarumatodeamor e @paulinhaleonfotografia) criou o projeto sob o título em destaque a fim de registrar pessoas que adotaram bichinhos como parte da família e a contar suas histórias, de forma a incentivar as outras pessoas a adotarem animais também. Adote! Desabandone! Eu garanto, vale a pena para a vida inteira!





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