quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Força.

Estava eu agora no centro espírita assistindo palestra e tomando passe. O palestrante falou muito bem, e ainda nos trouxe uma história muito bonita: a história de Louis. Tenho certeza de que algumas pessoas conhecem.

Louis nasceu na França. Seu pai tinha uma loja que frabricava artigos de couro. Certo dia Louis, com seus sete ou oito anos, resolveu ajudar o pai, e tendo em mãos uma sovela, instrumento cortante, caiu e enterrou a ponta do mesmo em um de seus olhos. Mais tarde, uma infecção no outro olho o deixou cego por completo. Com uma bengala, se guiava pela cidade cativando a todos.
Com o tempo, Louis se esqueceu das cores e das formas do mundo. Apesar disso, ainda queria ler vários livros e queria escrever uma porção de coisas, como faziam os amigos da escola. Assim entrou em uma escola para cegos, e aprendeu as formas em relevo das 26 letras do alfabeto. Porém, as letras eram imensas - um pequeno artigo enchia inúmeros livros e cada livro podia pesar cerca de quatro quilos - e era um meio muito caro e desgastante para fabricar peças literárias. Mais tarde Louis tornou-se professor nessa escola, mas ansiava por encontrar um sistema de leitura bem melhorado para os cegos. Como isso poderia ser possível?
Um dia, em visita à sua casa, ele disse a seu pai algo assim: "As pessoas cegas são as mais isoladas do mundo. Eu posso descrever um pássaro distinguindo-o de outro pelo som. Eu posso conhecer a porta de uma casa sentindo-a com a minha mão. Mas há inúmeras coisas que eu não posso ouvir nem sentir. Somente os livros podem libertar os cegos. Mas não há livros para lermos".
Um dia Louis quis aprender a tocar instrumentos, e como todo bom músico, queria ler e escrever partituras e aprender a música simbólica. Nessa fase de sua vida, certo dia estava ele sentado em um restaurante com um amigo, que o ouvia ler, pacientemente, um artigo de um jornal. Este artigo era sobre Charles Barbier, um capitão do Exército, que tinha um sistema de escrever, o qual podia ser usado no escuro. Ele o chamava Escrita da Noite (night-writing), um sistema de pontos e traços construídos no papel para que a pessoa pudesse sentí-lo com seus dedos. É isso! Se um vidente pode ler no escuro, um cego pode ler! Louis procurou o capitão e lhe pediu que o ensinasse o sistema. O Capitão explicou-lhe que usava um punção ou estilete, instrumento com ponta afiada para fazer os furos e tracinhos num papel grosso. Uma pessoa qualquer poderia sentir os furos e traços no outro lado do papel. Certas marcas significavam uma coisa, outras marcas, outras coisas. O instrumento que o capitão usava era do mesmo tipo, que o ferira quando brincava há tantos anos antes.
Louis aperfeiçoou esse sistema mais e mais para utilizá-lo e permitissem que outros pudessem fazê-lo. Estudou diferentes maneiras de fazer os furos e traços sobre o papel. Finalmente, conseguiu um sistema simples, no qual usava seis furos em diferentes posições dentro deste espaço. Ele podia fazer 63 combinações diferentes. Cada combinação indicava uma letra do alfabeto ou uma pequena palavra. Havia também combinações para indicar marcas de pontuação e outras. Assim, Louis escreveu um livro usando o seu novo sistema, que ganhou seu nome: Braille.
O Braille só foi aceito pelo governo francês depois que se aperfeiçoou o suficiente para ter todos os códigos necessários, como matemáticos e musicais, como se vislumbrou em uma pianista cega, que aprendeu perfeitamente com o sistema e encantou uma platéia francesa.
Assim, Louis Braille sentiu e afirmou que sua missão estava concluída, falecendo dois dias depois dessa certeza, aos 43 anos de idade.


[Fonte da história: Leituras Visuais adaptação por mim]

Com essa história, me lembrei de várias coisas. Várias dificuldades que eu passei, várias dificuldades que tantos estão passando no momento. Sabem, o palestrante também disse algo que ficou para mim: "Deus não colocaria um fardo pesado em ombros frágeis". Isso quer dizer que nada, nada, nada do que passamos é porque estamos sendo castigados, é porque estamos sendo punidos e não há mais nada a ser feito.
Podem me chamar de religiosa, de espiritualista, do que for. Eu tenho a minha fé sim, e tenho essa certeza de que não passamos pelas dificuldades por acaso. Fomos destinados a passar por tudo isso, fomos preparados para isso. Não quero falar de Haiti agora, com certeza foi uma tragédia e tanto, mas acho que o Brasil está pensando demais nisso: vamos falar daqui mesmo. Das dificuldades que passa o Nordeste, das mortes e problemas que alguns paulistas tem enfrentado pelas chuvas...Pensemos nessas pessoas antes de olhar para fora. É claro que ajudar é necessário, a caridade é um ponto de partida para a evolução do ser humano. Mas eu tenho certeza de que essas pessoas foram preparadas antes de nascerem para suportarem todas as tragédias de suas vidas, e tenho a certeza de que com essa força, elas dão a volta por cima e conseguem recomeçar.
Eu digo isso porque eu me considero um ótimo exemplo de recomeços. Não vou ficar citando a minha vida pessoal, e não sei até que ponto uma tragédia é uma tragédia, mas vendo a minha vida agora eu vejo o quanto eu sou forte para ter suportado tudo, por ter seguido em frente e estar construindo coisas bonitas hoje, estar sonhando com um mundo melhor, e fazendo alguma coisa para esse sonho se tornar realidade. Eu não sei quais são as missões que me foram reservadas para essa vida, mas quero dar o meu melhor, porque tenho certeza de que tenho toda a força necessária para fazê-lo. Não sei se chegarei a fazer algo como um grande Sistema Braille, mas com certeza plantarei boas sementes e colherei frutos maravilhosos. E te convido a fazer o mesmo... :)

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